De Cracolândia aos palcos: a virada na vida de Márcio Américo
De Cracolândia aos palcos: a virada na vida de Márcio Américo
Márcio Américo carrega uma história que emociona, surpreende e inspira. Hoje ele é ator, escritor, roteirista e humorista de destaque no Brasil. Mas nem sempre foi assim. Antes de conquistar os palcos, enfrentou o fundo do poço — literalmente — nas ruas da Cracolândia, em São Paulo.
Natural de Londrina (PR), Márcio já foi usuário intenso de drogas. “Comecei com cocaína. Um dia fui comprar e só tinha crack. Me perguntaram: ‘pode ser?’. Respondi: ‘pode ser’. E foi aí que tudo mudou”, relembra. A dependência se agravou rapidamente e ele passou a frequentar diariamente a Cracolândia. “Era como bater ponto.”
Apesar do cenário sombrio, ele diz ter conhecido pessoas incríveis naquele ambiente. “Ali tinha de tudo: bailarinos, advogados, até um ator da Malhação. Era um verdadeiro microcosmo, um reality show paranoico. Aquele lugar é um reflexo cru da sociedade.”
A virada veio graças a um apoio essencial. “Se eu fosse esperar Deus, ainda estaria lá. Quem me tirou foi minha mulher. Ela foi mais rápida (risos).”
Márcio também critica a atuação do poder público: “A polícia e a prefeitura fingem que controlam, mas quem manda ali é o crime organizado. É só fachada.”
Durante a luta contra o vício, passou por diversas internações — experiências difíceis, que marcaram sua trajetória. “Fiquei numa clínica em Maringá onde as pessoas tinham convulsões no chão e ninguém fazia nada. Era um depósito de seres humanos. Em outra, numa fazenda, aprendi os 12 passos, mas o tratamento era opressor, cheio de punições e controle psicológico.”
Mesmo assim, ele tirou algo de positivo. “Foram situações que, mesmo duras, me deram força. Me serviram de combustível.”
Hoje, livre das drogas desde 2001, Márcio transforma sua dor em arte. Seu humor carrega profundidade, suas piadas têm história. “Contar o que vivi é uma forma de mostrar que é possível sair. Dá pra virar o jogo.”
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